segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Ainda não sei qual a sensação pior: se é saber que você está bem sem mim, que já superou tudo e que não suporta sequer olhar pra trás ou ver que você não é mais o mesmo e já cresceu tanto e já conheceu tantas outras coisas...sem mim. 
Eu deveria ficar feliz. E fico mesmo. Juro. Mas também não posso negar o quanto dói ver que nossas vidas tomaram rumos diferentes. E que não se entrelaçam mais...não existe mais como.
É torturante saber que fiquei pra trás, parada no tempo. Te esperando.
Eu entendo que agora não tem mais como regredir, ficar olhando pra trás, ou querendo voltar pra o passado, ou pra mim. Seria um retrocesso, total. Eu continuei a mesma. A mesma patética, a mesma menina romântica.Quase não conheci músicas novas. Quase não mudei de estilo. Quase não cresci. Quase não mudei. Tudo quase, porque tentei... tentei muito. Tentei, principalmente, crescer. Quis ser uma mulher diferente. Na verdade, verdadeira... quis ser só uma mulher. (tava de bom tamanho se conseguisse, já). Mas não venho conseguindo muito avanço nas minhas investidas e começo a concordar com você: eu também não queria alguém como eu ao meu lado. Enfim...
Talvez por isso...por ter ficado parada lá atrás que não consegui te encher os olhos novamente. Não há mais admiração, concorda? Quando o amor está um pouco comprometido com tantos arranhões e cortes algumas outras coisas precisam compensar. Mas não vi por esse lado. Achei que o amor era suficiente. Levantei essa bandeira. Lutei em nome disso. Sem sucesso, fui derrotada.
Só quero esquecer você. É o que eu mais quero com todas as minhas forças. Peço todos dias à Deus antes de dormir, baixinho eu rezo e imploro pra que saia da minha cabeça, do meu coração e da minha vida. Quero parar de encontrar você nas pessoas, nos rostos... quero parar de te procurar nas horas iguais. Quero parar de implorar sua atenção com textos iguais, que dizem a mesma coisa. Quero parar de te esperar. Quero parar de culpar as pessoas, parar de ficar triste sem motivo quando vejo alguma publicação sua... quero apenas ser livre também. Livre pra procurar alguma outra coisa que me dê prazer de novo, porque trabalho, estudos, amigos, festas, poesia, livros, e tantas outras cosias não estão fazendo efeito... Continuo na mesma.
Com a mesma sensação do término do namoro há um ano... como pode isso ser verdade? Eu não sei. Preciso encontrar uma teoria que fale sobre isso, que explique e que dê alguma solução pra o meu caso, raro caso de idiotice aguda agravada pela ideia patética de romantismo. Sofro disso. E não aguento mais. Não quero mais chorar a noite antes de dormir. Não quero mais só lembrar de você o dia todo e sentir sua falta em qualquer coisa que estiver fazendo.
Anseio por liberdade.
Quero ficar livre da sua lembrança, saudade, cheiro, vontade... quero ficar livre de você!

domingo, 21 de outubro de 2012

Não é uma questão de desistência. Ela sempre achou que estava fazendo as coisas certas. Mesmo quando errou. Ali ela achava que estava fazendo da melhor maneira possível. Sempre acreditou em amor, ou em contos de fada, porque amor é tão amplo, fofo... Ela nunca pensou em um final pra ele. Sempre pensou em amor como escolha e eterna. Mas não fez por onde ser pra sempre. Depois de perder, por ser menina, pensar ser boa e querer que fosse do seu jeito, ela desejou fazer tudo pra consertar a história. E fez. E até ficou insistindo em alguma coisa como uma conversa, ou coisa assim, que talvez nunca fosse acontecer. Ela insistiu, sozinha, nessa história. Ela pode se orgulhar disso. Pode se orgulhar de ter feito tudo sozinha. Hoje ela não vai mais colocar a culpa em ninguém de todos os seus atos e escolhas. Foram seus. Precisou ouvir que antes a vida era uma merda e que as coisas já não estava mais dando certo. Havia uma pressão, acha, uma obrigação de ser perfeito e se não fosse... as coisas desandavam. "Trinta vezes", valor não muito exato. Acredita até que tenha sido mais...não sabe... Mas isso não importa agora. Querer um parceiro igual ao pai, pura fantasia freudiana. A insanidade tosca de uma histérica. Mas ela precisou perder, sofrer, se devastar. ela precisou estar sozinha (como um dia desejou), pra entender como realmente são as pessoas e como se tem um relacionamento. "Aprender para o próximo" ele disse, então não foi tudo em vão...
Com o coração em prantos, ela entende que agora está tudo bem. Tudo reorganizado. A vida de "merda" voltou a ser vida real. Sem mais cobranças, consciência pesada, brigas, términos... sem mais "inferno". Ela não entendeu essas palavras até ver que as coisas estavam seguras agora. E uma vida linda, comprometida, leve, livre pra ser quem quiser ser.
Ela ficou feliz com o que viu. Muito feliz. E de todo coração não deseja que sofra mais, nem que volte a ter uma vida ruim e conturbada.
Ninguém deve mais nada a ninguém. Tudo já foi dito, explicado, comparado e medido. Desculpas foram dadas. Abraços trocados. Promessas feitas. Mas não se pode confiar em promessas, muito menos àquelas feitas em momentos desesperados ou àquelas que juram mudanças.
De romântica à patética ela decide parar. Parar de ligar. Parar de pressionar. Parar de escrever.
A história acabada precisa ter final.
Ela não está entregando os pontos, ou desistindo. Ela está libertando o que estava sendo feito refém, de uma certeza infundada.

sábado, 20 de outubro de 2012

Impossível descrever...
Impossível até acreditar que estaria ali de novo. Naquela calçada...naquele portão...escadas... apartamento...quarto!
Quase tudo do mesmo jeito. O prédio continua lá (rs) e você também. Todo o resto mudou. Algumas coisas melhoraram - um belo som, por sinal... - um ventilador preso... cores novas... livros, muitos livros...
portas fechadas pra mim...
Surpresa maior por pensar que tudo estaria diferente. Imaginava lençóis queimados, roupas rasgadas... quarto mudado, casa mudada...
E foi mais difícil encontrar tudo do mesmo jeito. Sensação estranha. Voltar lá como visitante, talvez até indesejada... e não saber sequer se ficava em pé ou se sentava...
Medo de tocar em qualquer coisa ali.
Medo de não saber o próximo passo depois que me entregasse aquela "visita".
Ridiculamente passional.
Cedi ao seu jogo...ou ao meu jogo.

Mãos trêmulas. Suor frio.
Confusão de palavas.
Coração a mil...
Pernas bambas.
Olhos marejados...
Frio, calor...
Medo, muito medo!

Eu te vi! Te senti.
Abracei!
E fiquei nas nuvens...


sábado, 13 de outubro de 2012

"...Eu vou ficar são
Mesmo se for só
não vou ceder
Deus vai dar aval sim,
o mal vai ter fim
e no final assim calado
eu sei que vou ser coroado rei de mim."







Sobre a devastação.


Admirável são as mulheres que se devastam.
E enlouquecidas pela perda do seu amor se perdem em meio a pouca vida que lhe resta.
Sem fome, sono ou qualquer ânimo pra fazer até o que mais lhe trazia prazer, a mulher devastada, a que realmente assume seu estado, não se importa com o que os outros vão pensar.
Se trancam dentro de seus quartos e se fecham em seus próprios mundos. E esperam ali a dor passar, a morte chegar ou outro amor, como uma fresta de luz, que entre por alguma janela esquecida aberta.
Mas ela já não tem essa esperança.  Ela não pensa nisso.
O que aquece seu coração são as lembranças que são guardadas no mais íntimo do seu ser, onde ninguém, nem ela mesma pode se dar ao luxo de espantá-las.
A verdadeira mulher devastada não quer receber essa nomeação e muitas delas nem sabe que esse termo pode definir o que ela está passando. Mesmo assim, ela abre mão dos seus, não por uma escolha ou por querer. Mas por ser a única forma de viver esse estado... por ser a única opção.

Outras mulheres simplesmente voltam a sua vida normal depois da perda de um amor. Essas renegam a devastação e decidem não viver a dor. Optam por escondê-la atrás de maquiagens, sorrisos, amigos, festas...
Mas essas outras mulheres mal sabem que ela é inevitável.
Se houve amor e houve a perda dele a devastação a alcançará, independente da sua vontade...

Ainda sinto inveja da mulher que vive sua devastação...

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

"Queimamos nossos sutiãs.
Fomos as ruas brigar por direitos iguais aos dos homens.
Talvez na tentativa de nos masculinizar pra ser auto-suficientes? Não sei...Mas isso não seria inveja pura?!
Enfim...
Na verdade permitimos nos tornar mulheres-objetos, e aceitamos as novas relações de uso, mútuo...
Pra tentar mascarar uma INdependência dos homens ou dos parceiros amorosos que escolhemos.
Nesse jogo do amor, que nem sempre há um vencedor, as mulheres optaram por nunca perder.
Não perder tempo, não perder sentidos, não enlouquecer, não se devastar...
E ela, sozinha, enlouqueceu por amor (ou falta dele), em pleno século XXI..."

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Um novo...uma nova oportunidade

Foi quase um ano...
A vida meio parada. Não que eu não tenha me divertido, ou saído...Não!
Foi um bom ano se me pedissem pra fazer um balanço.
Mas era hora de mudar de tática... E deixar um pouco àqueles velhos planos de lado.
Sim... porque não vai dar pra levá-los nesse novo.

Foram tantos telefonemas...tantos pedidos durante esse ano. Mas sempre com a mesma resposta. "Não...agora não". Eu sentia que não era hora de mudar ainda. Eu precisei ficar aqui, onde estou agora.
Precisei parar. Me esconder, talvez... (se você quer olhar por esse ângulo).
Mas não me arrependo.
O quanto eu aprendi...o quando pude me conhecer. No meu silêncio...nas minhas escolhas feitas sozinha... No meu vazio... na minha solidão.
Não foi sempre melancólico. Não foram só dias tristes, nem saudades, nem maldizeres.
Foi uma vida diferente. Que eu agradeço aos envolvidos pela paciência... pela espera...pelas crises...pela ausência.

Mas eu preciso fazer isso.
Sem arrependimentos. Sem mágoas. Sem olhar pra trás.
Apesar do medo assustador do novo que me paralisou tantas vezes me fazendo exitar nas escolhas...apesar da decisão de esperar... mesmo assim, o fato de ser quase um ano, meio que me deu força pra reagir e ver as coisas diferentes...

Agora é só seguir adiante.
Ninguém pode me garantir que vai dar certo ou que foi a melhor escolha. Ninguém.
Mas a vida exige que nos arrisquemos e eu não QUERIA e nem PODERIA passar o resto da minha vida escondida, em uma posição "confortável", por medo de recomeçar.

Seguindo...

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

"O que dói mais:
Perder um amigo ou perder um amor?"

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Cometendo excessos...


O que era pra ter sido uma mensagem sem nexo acabou se tornando uma conversa longa de exatas 144 mensagens.
Fiquei sem resposta do que já nem esperava mais perguntar.
Entre sintomas, família, infernais erros e a boa lembrança de uma conversa.
Entre saudade e algumas risadas.
Lágrimas e absurdos.
Feliz por ainda sermos os mesmos. Infinitamente triste por ainda sermos os mesmos.
Os mesmos medos. Os mesmos problemas (alguns ainda sem solução)...
São os mesmos garotos. Que um dia, meio que inebriados de tanto amor, juraram ser pra sempre.
Réus confessos do mesmo crime: machucar, maltratar, pensar ser pra sempre.
Devia ser mesmo. Foi prometido, poxa.
Mas não se pode mais fazer nada.

Ele convicto. Certezas tão fortemente nutridas e enraizadas. Opta pela racionalidade. Fazendo cálculos de uma sequencia matemática: "se não dá certo em quatro anos, porque continuar tentando?" Sempre lembrando dos problemas, obstáculos. Lembrando de tudo, de cada detalhe, de cada briga... de cada erro.

Ela incansavelmente romântica. Querendo mostrar pontos que possam concorrer com os fatos, em vão. Não há. São só promessas, desejos... São só ambições. Nada de certeza. Mesmo assim, defende suas opiniões. Tenta lembrar só as coisas boas. (mas não foi sempre só coisas boas)...

Nem um dos dois estão completamente certos nem errados.
Ele se defende. Ela quer se jogar de cabeça.
Ela jura estar diferente. Ele descrente não vê mudanças.
Ele gordo e lindo. Ela a mesma de sempre.

Valeu a pena ficar com você madrugada adentro tentando esquecer que não somos mais um.

Parênteses...


(...Eu ainda lembro de você. É difícil reconhecer que você ainda faz parte da minha vida mais do que pensei. Pode ser pelo tempo. Ainda faz pouco tempo que eu me permiti dar um fim nessa história. A história que tinha acabado há oito meses, mas que pra mim ainda era sem término.
Ainda dói escutar as músicas que fizeram parte da nossa história. É uma dor física que eu não sei explicar muito bem como e por que ela ainda me atormenta. Não consigo ficar nos lugares onde essas lembranças me são tão doloridas.
Fujo, quando posso. E tento aguentar quando não tenho como fazê-lo.

Um dia desses consegui sentir seu cheiro. Estava ouvindo Espatódia, na voz de Nando Reis, estava viajando. O carro cheio de conversas paralelas. A lua, tão brilhante... o sol da noite. Tive que conter meus dedos pra não te mandar mensagem. 

A lua, tão ardilosa, me fez desejar te mostrar, como uma vez te levei pra o alto do prédio e tentar te fazer seduzir por ela... No som do carro, aquela música, me levou de volta ao caio lêla, nos primeiros dias em que tive você. Lembro de como você não se arrumava muito pra me encontrar, e mesmo assim eu te achava lindo.

Lembro do seu primeiro cheiro. Aquele perfume fresco, do dia-a-dia, que você passava ao sair do banho. Lembro de como ele ficava na sua pele e nos seus pelos. 
Lembro do perfume novo que surgia, esse sim, inebriante. Eu me deliciava com ele... 
Lembro das bobagens que você me dizia e lembro de como eu ria... 
Eu era feliz...)

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Deve ser aquela velha história de não deixar ir embora o que se tem.
Não pelo fato de ser consciente essa decisão.
Concordo mesmo com ele quando diz que guardamos coisas, mesmo aquelas que dizemos tanto não mais querer.
E mexemos quando está tudo calmo.
E sopramos aquela brasa que estava amofinando em algum canto. Sem mais ventos...sem mais tanto fogo...
Realçamos as cores.
Devolvemos a beleza das fantasias.
Damos sangue às veias.
Fazemos vida de um quase morto, seja lá qual for o nome disso que se sente.

E depois...
Depois?
Depois vai-se embora. Como se nada tivesse acontecido.
Afinal de contas...
"todo mundo já errou na vida"...

sábado, 18 de agosto de 2012

Ridiculamente envolvida por essa droga de transferência.
Tão encantadoramente fundamental e satisfatoriamente eficiente, ela enlaça até mesmo os mais seguros... quanto mais uma histérica de carteirinha...
Ela transborda pelos pensamentos e sensações... Invade os sonhos...
Ela transgride todas as leis e normas de boas maneiras...
Ela cheira a desejo, excitação e, claro, não-realização.
Esse é o segredo dela. E maldição.

Ela te envolve...te preenche.
Ela te satisfaz.

Tudo isso pra depois não passar de pura fantasia: tão linda, a fantasia é construída, edificada...tão fortemente que parece ser real - pra você. Pra depois ser desfeita, aniquilada. Da pior maneira possível... te constrangendo. Porque você precisa falar dela, ali...cara-a-cara. Você precisa enfrentá-la.

Ela te desnuda, te deixa em carne viva. Pra depois ferir mais. 
Pra descobrir segredos. Pra te fazer de bobo... pra te fazer crescer!

Essa maldita transferência. Tão fácil de ser enganada e iludida por ela...
Não adianta ler livros...ela se mostra mesmo que você esteja preparada pra rejeitá-la.
Mas não se pode fazer isso... 
Ela é ardilosa, traiçoeira.
E vai te alcançar. 

Isso é estar em análise!

domingo, 5 de agosto de 2012

Luis Fernando Veríssimo


              Tudo sobre Sandrinha

"O desperdício. Entende? O desperdício." Era o que ele dizia depois que a Sandrinha foi embora. "Eu sei tudo sobre a Sandrinha. Conheço cada sinal do seu corpo, cada pêlo, cada marca. Alguém sabia que ela tinha uma cicatriz pequenininha aqui, em baixo do queixo? Pois é, não aparecia, mas eu sabia. Ela tinha uma pintinha numa dobrinha entre a nádega e a coxa que, aposto, nem a mãe conhecia. Nem ginecologista, ninguém. E o dedinho do pé virado para dentro, quase em baixo do outro? Era uma deformação, ninguém desconfiava. E eu sabia. E, agora, o que eu faço com tudo o que sei da Sandrinha?"

Contou que passava horas olhando a Sandrinha dormir. Barriga para baixo, cara enterrada no travesseiro, a boca às vezes aberta. Mas não roncava. Às vezes ria. "Um dia ela riu, acordou, me viu olhando para ela e disse 'Você, hem?', depois dormiu de novo. Acho que, no sonho, eu tinha feito ela rir. Depois ela não se lembrava do sonho, disse que eu tinha inventado. O que eu faço com isto?" De que lhe adianta saber como a Sandrinha raspava a manteiga, cantava uma música no chuveiro que ela jurava que existia, "Olará-olarê, tou de bronca com você", que ninguém nunca tinha ouvido? E fechava um olho sempre que não gostava de alguma coisa, de uma sobremesa ou de uma opinião?

Ele podia escrever um livro, "Tudo sobre Sandrinha". Mas quem ia comprar? Não seria sobre ninguém importante. Não seria a biografia, com revelações surpreendentes, de uma figura histórica ou controvertida, só tudo o que ele sabia sobre uma moça chamada Sandrinha, que o deixara. O produto de anos de observação. 

Sandrinha na cama, Sandrinha no banheiro, Sandrinha na cozinha, Sandrinha correndo do seu jeito particular. 
Nenhum interesse para a posteridade. Dez anos de estudos postos fora.

"Estudei a Sandrinha em todas as situações, em todos os ambientes, em todos os elementos possíveis. Sandrinha na praia. Sandrinha enrolada num cobertor, comendo iogurte com fruta e vendo televisão. Sandrinha suada. Sandrinha arrepiada. O estranho efeito de relâmpagos e trovoadas nos cabelinhos da nuca de Sandrinha. Querem os cheiros da Sandrinha? Tenho todos catalogados na memória. Sandrinha gripada. Sandrinha distraída. Sandrinha contrariada, eufórica, rabugenta, com cólica e sem cólica. Sandrinha roendo unha ou discutindo o Kubrick. Não havia nada sobre a Sandrinha que eu não sabia. Toda esta erudição sem serventia."

"O desperdício. Não posso oferecer tudo que sei sobre a Sandrinha para um inimigo. Seus momentos de maior vulnerabilidade, ouvindo o Chico ou errando o suflê. A Sandrinha, que eu saiba, não tem inimigos. Certamente nenhuma potência estrangeira. Não posso oferecer meus conhecimentos da Sandrinha para a Ciência. Se ela ainda fosse um fóssil que eu desenterrei e passei dez anos examinando e cujas características revolucionariam todas as teorias estabelecidas sobre o desenvolvimento humano. Se a sua maneira de raspar a manteiga fosse espantar o mundo... Mas não. Inventei uma ciência esotérica, de um praticante e de um interessado só. Não posso dar cursos, publicar teses, formar discípulos. Participar de congressos sobre a Sandrinha. Sou doutor em nada. Doutor em saudade. Entende? Desperdicei dez anos numa especialização inútil."

Não adianta tentar consolá-lo. Convencê-lo a esquecer a Sandrinha, se dedicar a outras. Ele diz que não está preparado para outras. Toda a sua formação é em Sandrinha.


Com outra - diz ele - se sentiria como essas pessoas com diploma em física nuclear ou engenharia electrónica que acabam trabalhando de garçom.


Luís Fernando Veríssimo. 
(Livro: Em algum lugar do paraíso)







Ler mais: http://expresso.sapo.pt/tudo-sobre-sandrinha=f68869#ixzz22i16x5aa

segunda-feira, 16 de julho de 2012

É um adeus...

Sabe aquele ditado "pra bom entendedor meia palavra basta"? E aquele outro "o amor é cego" ?
É uma terrível combinação...
Você não quer entender o que está tão fácil de ser visto...
O amor é burro mesmo! Não é só deficiente em todos os sentidos. É idiota. E te faz de idiota também porque você não consegue usar sua lógica e razão com ele.
Mesmo que outras pessoas te digam com todas as letras...ainda assim você prefere acreditar no que você sente e encontra meios de justificar sua própria verdade.
Mesmo que ele te diga coisas horríveis, até assim você não acredita ou inventa outra teoria de defesa ou algo do tipo.
E quando você decide não se enganar mais (sim, é consciente), tudo que você mais deseja é que tudo seja apagado da sua mente. Toda história, todas as lembranças, todos os sonhos e expectativas... os olhos, o sorriso, o abraço...as datas especiais...
Apagar o numero do telefone da agenda não adianta muita coisa quando está inscrito no seu pensamento, como todo o resto dessa história...
Se for medo, raiva, rancor, ódio...tanto faz agora... Acontece que cansei disso tudo (e dói escrever isso, porque sei que lutaria mais, se tivesse pelo que lutar, como já disse um apaixonado)...
Se foi uma tática sua, ou se isso realmente é o que você está sentindo não faz muita diferença porque me magoa mesmo assim...
E por incrível que pareça, ainda não tinha doído tanto, porque dessa vez foi mesmo de verdade. Isso fugiu da minha fantasia, fugiu dos meus devaneios... Nem nas piores das hipóteses que eu formei seria assim...
Então...repetindo a história de outro apaixonado, eu lutaria ainda assim por você se fosse só raiva ou rancor. Mas vai mais fundo...foi no seu sentimento e sei que nem você me amaria se não resgatasse o que sobrou do meu amor-próprio.
E é isso que eu preciso fazer:

Isso é um adeus, Nicodemos.
(Falo baixinho todo o tempo pra tentar me convencer...)
Ouvia falar que o amor não tem fim. Depois imaginei que as histórias de amor poderiam ter um final, mas o amor permaneceria intacto...
Eu realmente acreditei que as histórias mereciam ter um final, que nem precisava ser tão bonito e romântico como seu inicio e meio, mas que fosse digno da história, intenso e acima de tudo claro e objetivo.

Será mesmo que quando ainda existe amor as histórias chegam ao final?

Um apaixonado uma vez falou que as histórias PRECISAM de pontos finais. As vírgulas são intervalos curtos e depois delas sempre vem mais alguma coisa, e ainda dão a sensação de coisa inacabada. O ponto final não. Ele tem a clareza de interromper objetivamente qualquer coisa e não deixa margem pra outras interpretações...
Eu achei que isso era, de fato, o jeito certo de terminar as coisas.
Espero por esse ponto final há muito tempo.
Achei que seria o momento de parar, respirar fundo e sair de vez dessa história.
Achei que seria tudo limpo. Claro.
Pensei que só com esse ponto final as coisas ficariam bem resolvidas pra mim...
O NÃO seria definitivamente não...
E coloquei todas as minhas esperanças, sonhos e ilusões nessa última conversa...
Estaria preparada pra ouvir tudo...na verdade estaria pronta para ouvir tudo...
Achei que só ouvindo um "eu não te amo mais" da sua boca era que eu conseguiria me desprender de você, seja lá o que fosse que me prendia a você...
Seria a minha carta de alforria.
Seria a minha liberdade.

Mas você não disse. Não precisou me dizer.
Mesmo que eu quisesse. Ou pedisse.
Você covarde eu não me dizer.
E eu fui idiota de não acreditar.



(Aquelas páginas de amor que eu preparei não vão ser escritas...)
(Cada portão que eu passava, eu lembrava de você abrindo devagar pra gente poder conversar...)
Não existe mais confusão agora!
Tudo está limpo. Não foi como eu pensei, mas jogamos limpo!
Não há mais nada pra ser dito.
Sei que você não tem mais nada pra me dizer, nem eu tenho mais nada pra falar e não quero ouvir mais nada.

Sinto como se estivesse anestesiada. Como quando a gente sente uma dor tão grande que ela pára de doer.
Minha aparência não está das melhores.
Mas eu não quero conversar com ninguém.
Não quero contar o que sei. Não sei se por vergonha de como tudo acabou ou por medo de que as pessoas tenham pena de mim ou dizerem "eu já sabia".
Não quero conselhos.
Quero passar por isso no máximo de silêncio possível.

Vou calar e deixar as lágrimas caírem até cansar...
Por favor sejam breves.

segunda-feira, 2 de julho de 2012


Eu queria entender essa confusão toda.
Uma inquietação dentro do meu coração e da minha cabeça, que estou mesmo no mundo da lua agora. Definitivamente não consigo pensar em outra coisa.
E essa desorganização está me apavorando.
Os pensamentos vagam procurando resposta pra essas coisas que ando sentindo, mas sem sucesso eles voltam e me perturbam ainda mais.
Eu não quero mais o meu passado. Não quero mais todo aquele sofrimento e toda aquela angústia. Um dia eu disse “que era melhor assim”, mas não é. Não era bom. E hoje eu já não quero mais.
Eu mudei muito e ainda não sei até que ponto isso foi bom ou não pra mim. Consigo compreender que as coisas não poderiam ter sido diferentes. Eu não poderia passar minha vida toda camuflando meus gostos e tamponando minhas vontades. As coisas tinham mesmo que ser assim.
A certeza que eu tenho é que ainda não sou completamente feliz. Também sei que isso não é possível... Sei que ainda tenho muito que descobrir, inventar e enfrentar...

Também não quero esse futuro que insiste em me chamar. Não quero viver isso. Talvez eu não queira viver isso agora, ou talvez eu nunca queira mesmo. Por isso insisto em fechar as portas e cerrar as janelas. Mesmo não sabendo se isso é mesmo a coisa certa a se fazer, eu faço. Pra mim, isso é o certo agora. O futuro pode esperar um pouco, ou muito, se for pra ser mesmo... Eu posso esperar.

O presente também me angustia. Porque também não é o que eu queria. Se pudesse escolher o que fazer, onde estar e com quem estar as coisas seriam bem diferentes. Claro que muito disso depende de mim e eu, acomodada, vejo os dias passarem e o presente se estender por mais um tempo. Mas ainda não é o que eu quero...

Queria continuar quietinha. Respirando baixinho. Chorando as vezes. Rindo outras. Queria continuar no meu ninho, escondida. Na prisão que eu mesma fiz. Ainda não estou pronta pra sair... 

"Uma das melhores coisas
de se viver em Nova York...
é que você não precisa
adoçar seus sentimentos.
As nova-iorquinas se acomodaram
com uma vida sem gosto?
Aceitamos "Tasti-D-Light"
em vez de sorvete de verdade...
e-mails em vez de canções de amor,
piadas em vez de poesia.
Por isso, não conseguimos enfrentar o
romance que aparece em nossa vida.
É algo que aprenderemos a digerir?
Ou nos tornamos alérgicos a ele?"

Carrie - Sex And The City

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Já conheci tanta gente...gostei de alguns garotos.
Mas depois de você...os outros são os outros...
Ninguém pode acreditar na gente separado.
Eu tenho mil amigos, mas você foi o meu melhor namorado.
Procuro evitar comparações entre flores e declarações...
Eu tento te esquecer.
A minha vida continua, mas é certo que eu seria sempre sua.
Quem pode entender?

Depois de você os outros são os outros e só!

São tantas noites em restaurantes,
Amores sem ciumes.
Eu sei bem mais do que antes sobre mãos, bocas e perfumes.
Não consigo achar normal meninas do seu lado.
Eu sei que não merecem mais que um cinema do meu melhor namorado...

Depois de você...os outros são os outros.
E só!

Os Outros - Leoni

sábado, 9 de junho de 2012

A sensação que tenho é que vou explodir se não falar.
Ou enlouquecer.

É por isso que escrevo.
Hoje eu não quis voltar pra casa.
Foi um dia cheio de sensações arrasadoras. Contive minhas palavras, minhas lágrimas...contive minha liberdade.
E vi o quanto fui tola. O quanto fui ingênua e o quanto fui omissa.
Precisamos fazer escolhas. E escolhas sérias. Depois o tempo não volta mais. E ficamos a ver navios ou a nos martirizar pensando o que poderia ter sido e não foi.
Sinceramente: sinto inveja dela. Por ser tão independente, pelo menos subjetivamente. Por não ter medo de dizer te amo. Por não ter medo de trocar pessoas e lugares. Por não ter medo de escolher. Tenho inveja por não ter percebido antes. Tenho inveja por ter sido fraca e ter cedido. Eu tenho inveja sim...por ser diferente e por ser omissa.
Eu dava o que tinha. Mas eu sei que poderia ter dado mais...
Sofro mais por estar entalado na minha garganta tudo aquilo que eu queria dizer. Por querer jogar a culpa nas pessoas. Por querer gritar e espernear até cansar... Mas pra que? Isso não me valeria de nada...
Agora não vale mais a pena gritar, brigar... não existe mais por que sentir inveja de algo que nunca pude ser.
Mas eu nem queria ser...eu nem sabia que isso era possível.

E vendo um sonho realizado. Vendo uma vida a dois que se constituiu pelo amor, me questiono mais uma vez se isso talvez seja possível.
E é nessa hora que quero ficar parada lá fora, olhando as estrelas...procurando algum acalento...minimo que seja, pra essa devastação que estou sentindo.
Porque isso um dia há de passar, não é? Não é?

Isso já não tem mais nada a ver com você. Isso agora tem a ver só comigo.
Eu preciso entender que não se consegue viver nessa desorganização pra sempre.

O sentimento que tenho hoje é raiva de você. Por não ser claro. Por ter levado embora com você meus sonhos e esperanças. Por ter levado meus sorrisos sinceros. Por ter levado minha segurança. Por ter levado meu amor. Por me abandonar. Por não poder ouvir minha voz. Por não poder nem olhar nos meus olhos. Sinto raiva por não me amar mais.

Eu preciso que me diga só uma frase.
São quatro palavras que podem mudar minha vida.
Eu preciso que você me salve.

Agora.

terça-feira, 5 de junho de 2012


“Mais tarde, fiquei pensando sobre relações e lobotomia parcial...
Duas coisas diferentes e que parecem combinar ...
Como chocolate e creme de amendoim.
Seria muito mais fácil se houvesse uma cirurgia...
Para eliminar as lembranças desagradáveis e os erros...
E deixar somente as viagens legais e as férias especiais.
Mas o que fazer até essa cirurgia aparecer?
Contar com a velha filosofia de perdoar e esquecer?
Será que existe algum que consegue esquecer?”

 - Sex and the city - 

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Inacreditavelmente na casa ao lado...

Foi difícil acreditar quando me disseram que você estava na casa vizinha.

Era só uma parede que dividiu você de mim.
Se tudo estivesse combinado e planejado não teria sido tudo tão perfeito.
Me senti de volta ao "caio lêla" quando o que me afastava de você eram só algumas escadas, corredores e portas.
Dessa vez era só uma parede. Poderíamos ter cruzado na calçada...ou na rua... eu poderia ter gritado seu nome e você ouvido do outro lado do muro. Eu poderia ter batido na sua porta por engano...

Foi uma peça que o destino pregou. Ou Santo Antonio querendo me mostrar que as coisas já não estão mais tão boas assim...

Eu não estava te "marcando" nem te seguindo...mas fui parar bem ao seu lado.
Inacreditavelmente na casa ao lado.
Eu não podia ter te visto.
Não era a hora pra mim ainda...Eu não estava pronta...
Eu queria estar bem pra te ver. E agir com maturidade pra falar com você e saber como você está e contar como estou...
Eu sabia que não ia conseguir.
Não suportei nem ao menos olhar pra você. Doeu tanto ter você por perto e não poder nem ao menos te olhar...ou abraçar como qualquer amigo...se cumprimentar...
Doeu tanto querer te beijar e não poder.
Querer sentir seu cheiro de novo...
Como se fosse pra recarregar as forças e passar mais um tempo sem você.
Mas eu vi tanta raiva no seus olhos...tanto desprezo...tanto horror a mim...
Não vi saudade.
Vi vontade de sair dali o mais rápido possível. Eu vi o insuportável.
E me doeu mais ainda...porque eu não estava preparada, nem pra isso nem pra te perder...

Fazia tempo que tinha doído tanto... não quero mais comer, não consigo mais dormir. Não quero mais viver. Tudo igual há uns meses atrás quando tudo terminou.
Eu queria falar sobre isso o tempo todo. Falar, falar, falar..
Sobre você, sobre mim... sobre o quanto somos crianças. Sobre os meus erros. Sobre eu saber que errei. sobre isso não importar mais nada agora...
Queria falar sobre o nosso encontro e como nós perdemos a oportunidade de ter ao menos conversado.
Ainda não conversamos. Não o suficiente.
Essa sensação de coisa inacabada. Eu sinto como se ainda houvesse o que ser dito.
Eu preciso escutar algumas coisas. E você sabe.
Sabe do que preciso saber.
Eu preciso conversar...
Preciso tirar esse peso do meu peito. Como uma operação, arrancar esse nó que não me deixa em paz. E eu não quero ficar em paz, se essa paz significar tirar você dos meus pensamentos... se essa paz significar tirar as lembranças e os sonhos do que poderia ao sei lado e do que nós dois poderíamos construir juntos. Quero paz de sentimentos, saber de verdade com o que ainda posso sonhar e se ainda posso...
Eu queria falar pra você sobre o quanto eu estava enganada e do quanto eu sinto por ter percebido isso tão tarde. Queria dizer que você está certo: eu poderia - deveria - ter visto todas essas coisas enquanto estava com você. Mas não vi...

Agora é bem mais fácil fazer algumas coisas e eu já procurei encontrar o motivo para as coisas estarem diferentes... E uma delas com toda a certeza e verdade de dentro do meu coração, é não ter mais você. A dor de te perder foi tão imensa que abriu meus outros sentidos... hoje eu enxergo que eu não precisava ter sempre que escolher... Eu não preciso porque os amores são diferentes...
Hoje eu percebo que sempre fui omissa. E que dei ouvidos demais pra coisas bobas.
Hoje eu falo mais.
Talvez seja porque agora sou um pouco mais independente... acho que o emprego me deu essa autonomia. Vou menos em casa e posso ter minha própria vontade...sempre pude, mas alguma coisa me impedia...
Talvez você lembre o quanto eu tinha medo de crescer. E ainda tenho... mas essa vida de "gente grande" está me dando liberdade de escolher quem eu quero ser...
É uma pena eu ter perdido tanto tempo para amadurecer.
Mas sabe o que dói mais? É saber onde errei, quantas vezes errei e não poder fazer nada. Não poder tentar consertar. Não poder te mostrar que está diferente...
Porque contar não adianta.




Ainda não deu pra mensurar o tamanho do estrago disso tudo.
Na verdade é tanta coisa que até fica difícil organizar as ideias...
Foi como se eu tivesse dormindo tendo um dos piores pesadelos da minha vida.
Foi de uma sincronia, que de tão perfeita foi cruel, porque eu não tive como escapar dessa armadilha. Armadilha sim, porque parece que foi planejado um final de semana de horrores, que se eu fizesse ideia de alguma coisa teria ficado em casa. Protegida.
Já tava sendo uma aventura só o fato de passar pela sua casa. Várias vezes eu pensei, se eu já estava preparada pra me deparar com todas aquelas lembranças. Mas eu pensava: o que pode me acontecer dentro de um ônibus? Não veria ninguém da sua família. E nem te veria, você estava na minha terra. Eu não tinha com o que me preocupar.  Eu só sofreria por lembranças mesmo. E foi o que aconteceu. Tentei dormir, mas tava tudo muito igual com a outra vez que me aventurei indo até lá. A mesma mala, o mesmo ônibus. O mesmo sol...
Eu iria ficar três dias fora.
Iria conhecer um lugar que queria muito. As coisas estavam indo bem e eu só pensava nas tantas vezes que pensamos em ir lá juntos ou quantas vezes desejei ver um show de Fábio Carneirinho com você, que me apresentou suas músicas. Planos que nunca deram certo, afinal...
Uma cidadezinha linda. Pequena. Com um centro histórico lindo. Eu sempre roubando as histórias dos outros lugares...
Eu estava bem.
Tem lugares que você vai e se sente protegido de algumas lembranças. Esse não era um deles, porque tava tão pertinho do seu canto. Mas nunca passou pela minha cabeça, nem a mais remota das ideias, encontrar você por lá. Acho que se tivesse pensado isso não teria ido. Ou pelo menos tinha me preparado “para o que der e vier”. O que também não aconteceu.
Depois de um dia cansativo, no finalzinho dele, há uma distancia de alguns metros, eu te vi. Pareceu meio surreal, ou alguma visagem, eu realmente estava muito cansada. Te vi de dentro de uma loja, no centro. Mas não tinha certeza se era mesmo você. Ultimamente sempre encontrava gente parecida com você. Com uma camisa do São Paulo, talvez bebendo alguma coisa, não tenho certeza. Olhei primeiro para camisa, depois vi melhor seu corpo... mal vi seu rosto...as coisas se encaixavam. Mas era muita coincidência, meu Deus.
 Me aproximando da vitrine, pra ter certeza (eu precisava ter certeza de que não estava alucinando), vi seu tio, e acho até que me viu também.
Me senti atordoada. Sem chão. Sem ar. Meu coração quase saiu pela boca. E ninguém mais te viu. Chamei outra pessoa, porque eu poderia estar mesmo tendo uma fantasia, mas você sumiu na rua, antes que alguém mais pudesse ter te visto. Então ficou assim, na dúvida. Pra mim não. Eu tinha certeza que era você.

Tive que sentar e pensar o que era que você estava fazendo ali. Então lembrei que a faculdade estava em greve. E que você tem um tio que mora lá. Então eu pensei: o que eu tô fazendo aqui? Por que não pensei nisso antes?
Mas já era tarde demais. Eu já estava ali. Você já estava ali.

Meu próximo passo foi chorar... de desespero mesmo. Eu não queria viver aquilo agora. Eu não queria ter que encontrar com você em uma festa. Eu não me preparei psicologicamente pra isso. Era cedo demais. E eu não podia mais fazer nada. Não podia mais evitar. Eu não tinha mais como controlar isso. Nós estávamos juntos. Naquela cidade...e mais tarde naquele show.
Foi uma difícil decisão, porque eu queria mesmo ficar em casa naquele dia. Não me importava se tinha ido ali pra festa...  Não estava me importando com isso. O fato de poder ver você de novo tava doendo de verdade e meu coração tava apertado. Tudo poderia acontecer. E eu não estava preparada. Mas pensei que nunca vou estar pronta pra isso. Pensei que mais cedo ou mais tarde isso iria acontecer. Querendo ou não o mundo é muito pequeno e apesar de estarmos tão longe um do outro, o acaso ou o destino (seja lá o que fosse) iria nos colocar no mesmo lugar.
E colocou.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Porque de tanto ter sido meu, agora é meu de fato.

As vezes eu tenho a impressão de que só vou poder ir em frente quando não tiver mais nada de você em mim... não presentes ou lembranças. São traços, manias. Gestos... que ficaram meus.
Então penso por onde começar a retirar as cascas e os pedaços dessa feriada, que muito dolorida ainda, tenta sarar com o tempo.
Sei que só me despindo de tudo... só ficando na pele. Retirando tudo.
Porque de tanto ter sido meu, agora é meu de fato.
As músicas, as fotos... as palavras. Tudo tem que ser jogado fora.
Talvez até um pouco de mim, ou muito. Porque não sei mais o que era seu e que agora é meu. Nos tornamos um só, mesmo na impossibilidade e na incompletude. Mesmo com os defeitos e transtornos que isso podia causar -  e causou.
Mesmo nas diferenças que nos "equilibrava", existia um ponto em comum. O que a gente sentia era mais forte do que qualquer impasse. Eu cedia. Você cedia. E a gente se encontrava.

Hoje, de tanto viver você, não sei mais como era antes.
Não sei mais o que ouvir pra não lembrar.
Eu tento fugir das lembranças e sonhos, mas "tudo faz lembrar você".


domingo, 20 de maio de 2012


Estou naqueles dias do mês. Esses dias difíceis em que pensar em você deixa de ser opção ou querer e passa a ser essência de mim. Passa a ser necessidade como respirar ou comer.
Esses dias que não são rápidos. Esses dias que não adiantam fazer outra coisa, que é preciso deixar passar. E eu deixo passar. Deixo porque, além de não poder evitar, esses dias são os momentos em que eu não preciso fingir, em que eu não preciso forçar sorrisos e piadas pra provar (literalmente) que estou bem sem você. Provar pra mim, provar pra pessoas que você não faz mais parte da minha vida.
E nesses dias eu e permito ficar triste, me permito chorar de novo... me permito olhar fotos e reler coisas. Não que isso seja bom pra mim ou me faça bem. Eu sei que não. Sei que nada disso me faz distanciar de você ou esquecer você (que era o que eu precisava fazer), mas isso é um tipo de coisa que, eu acho, não tenho muito o que fazer.
Daí conto pra algumas (poucas) pessoas como estou me sentindo e questiono muito, cansada de me tanto me perguntar e não ter essas respostas, o por que de estar me sentido assim, na verdade o por que de sempre em algum momento do meu mês eu me sentir assim. Claro que não tenho respostas. Ou pelo menos nada do que eu quisesse ouvir. Eu queria esquecer. Eu queria não pensar mais. Eu queria ter paciência e esperar o tempo passar. Eu não queria passar por isso. Isso não é bem escolha minha. É minha escolha sim porque eu não quero “virar a página”, eu não quero ter outra página. As minhas já estão escritas. Bem ou mal, com começo-meio-fim. 

sábado, 19 de maio de 2012

Queria poder falar melhor dessa devastação...
Poder entender tudo isso que está se passando comigo.
Melhor: poder aceitar tudo!

Eu não quero substituições, por favor!

REPITO

Repito:
Ainda há saudade.
Ainda há sonhos.
Sequer sei da sua vida. Se vai bem. Se já tem outra pessoa.
Ainda não consigo.
Parece que falta ser dito. Mas eu sei que já foi dito tudo.

Mas eu não entendo tanta agonia. Tantos pensamentos.
Eu não compreendo essa saudade desmedida.

Que os dias não curam.
Que o tempo não cicatriza.

É lá no sonho que eu realizo os meus próprios sonhos.
É no sonho que eu te encontro.


E isso ninguém pode me tirar!

terça-feira, 8 de maio de 2012

Parece mais um circulo vicioso.
É como uma droga mesmo. Está tudo bem. As coisas estão meio que quietas. Os sonhos se desfazendo com o passar dos dias. As coisas ficando mais brandas.
E o coração mais ameno.
Até que um nome fez mudar tudo de novo.
Será que vai ser sempre assim? Qualquer coisa (qualquer mínima coisa) vai abalar o que tá sendo tão difícil de (des) construir?

E volta tudo. Os sonhos. As vontades. A saudade...
Aliás, por que será que estamos sempre falando em saudade? Ou eu estou sempre falando em saudade...

Queria tão pouco. Conversar, era isso que queria.
E soltar tudo (soltar mesmo tudo, tenho coisas presas ainda e até sei o por que...)

Queria pedir desculpas. Tenho tanta coisa pra falar...
"O que me dá raiva não é o que você fez de errado
Nem seus muitos defeitos
Nem você ter me deixado
Nem seu jeito fútil de falar da vida alheia
Nem o que eu não vivi aprisionado em sua teia
O que me dá raiva são as flores e os dias de Sol
São os seus beijos e o que eu tinha sonhado pra nós
São seus olhos e mãos e seu abraço protetor
É o que vai me faltar
O que fazer do meu amor?"


50 Receitas...
De novo e de novo...

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Eu preciso falar disso, mil vezes se for preciso. Para mesma pessoa, em último caso.
Preciso gastar isso de alguma maneira...qualquer.
Pra acabar logo.
Porque isso tá acabando comigo...

terça-feira, 24 de abril de 2012



"Uma sedutora
que seduz e enlaça em sua teia
e depois foge, abandona...
Sem devorar."

domingo, 22 de abril de 2012


Estava organizando alguns papéis. Coisas meramente burocráticas. Queria atualizar meu currículo...pra uma emergência. Estava focada.
Devo ter trazido essa pasta de casa há algum tempo. Nem devo ter conferido. Deveria.
No meio dos meus certificados e documentos, uma folha de caderno, do meu antigo caderno de faculdade. Nela, suas letras. Uma frase só e alguns beijinhos. Uma maneira nossa de conversar. Quando não estávamos por perto, ou acordados...ou quando eu queria pedir desculpas e você ainda estava no banheiro.
Lembro que sempre escrevia pra você. Em dias normais, quando as palavras e as ações já não descreviam mais o que eu sentia. Quando você saia de férias, e ia pra longe e eu queria te surpreender...
E também lembro de como era prazeroso receber algo escrito seu. Já que não gostava tanto assim de escrever. Era mais que palavras...mais que qualquer prova de amor...maior que qualquer presente. Era você. Ali... em palavras. Do meu jeito de me expressar.

Ver esse bilhete aqueceu meu coração, de lembranças...de boas lembranças.
Ainda posso lembrar. Ainda posso...




quarta-feira, 18 de abril de 2012


Li por pura brincadeira.
Por deboche mesmo. Queria saber se ele me diria que estou adoentada, com o nariz escorrendo e até quando vou sentir isso.
Mas quando comecei a ler, a minha voz, cheia de sorriso, foi ficando séria e até um pouco tensa. As frases pareciam fazer sentido, estava mesmo acontecendo algumas daquelas coisas...ou ele me fez acreditar nisso, quem sabe?!
Ele me dizia que estou passando por um período de finalizações. (pode ser...)
Me chamava pelo nome: “Marcíllia, é um tempo de fechar ciclos"
Como se me conhecesse. Como se soubesse os meus mais íntimos segredos e pensamentos. Mas ele não sabe, ninguém sabe.
Conversa comigo. Pergunta se estou finalizando um relacionamento (meu coração aperta lendo e escrevendo isso). Respondi mentalmente que sim e continuei lendo. E ele aconselha: "é hora de findá-lo e permitir que aquela pessoa, que já teve grande sentido na sua vida, viva agora outras relações". E tenta explicar depois: "afinal, a vida é isso, nos encontramos com as pessoas, trocamos e depois nos desligamos para viver outros relacionamentos".
Eu não sei bem o que senti nessa hora. Por estar lendo alto, dei uma gargalhada - forçada - pra demonstrar que ele não estava dizendo coisa com coisa. Mas isso havia me tocado... isso realmente mexeu comigo.

Será mesmo que a vida é assim. Uma rede de relações com objetivos próprios de satisfação, unicamente pessoais, e quando essa pessoa já me deu muito, ou melhor quando já "trocamos" o suficiente, simplesmente "a deixo ir" pra que ela possa viver outras relações e eu possa encontrar outra pessoa que me dê algo de mais útil que o anterior.
Não que isso dependa de mim. As pessoas entram e saem da nossa vida sem ser preciso nossa permissão ou não.
Mas sério mesmo que as coisas são simples assim? Tirar e colocar as pessoas nas nossas vidas?
Sério?

Não passa de um negócio? Não passa de um jogo?

No final ele acrescenta: "reveja suas coisas e jogue fora ou doe aquelas que você já não quer mais. Àquelas roupas, ou os livros que você não lê mais pode ser útil para outra pessoa".

Agora entendi. Na verdade nós substituímos coisas velhas e desnecessárias por coisas novas.
Isso vale para as pessoas também?
Substituímos nossos amores, nossas relações por outras quando a que estamos já não nos satisfaz mais?
“Coisificamos”, então, até o mais intocado dos sentimentos - o amor?

Não queria ter que acreditar nisso tudo. Acho até que não precisava.
Ele saiu da minha vida sem que fosse preciso permissão pra isso.

segunda-feira, 16 de abril de 2012



"Ele queria uma mulher.
Ela só podia ser amiga."



sábado, 14 de abril de 2012

Quanta estupidez.

Nem sei por onde começar. Esse é um assunto do tipo que ninguém quer falar, ou sequer se sente à vontade para tanto... Mas, como tudo na vida, as vezes é preciso dizer...mesmo sem querer falar. Eu precisei falar sobre isso. E Deus sabe o quanto foi difícil e o quanto foi constrangedor descobrir a verdade dos fatos. Até por que isso significava que eu tinha sido mesmo culpada por tudo. Tudo isso e mais um pouco. E paguei caro por isso. Foi um dos valores mais altos em todo esse processo de análise. Sempre me perguntei do que valia sofrer tanto e ainda pagar por isso. Entendo, racionalmente, que é por uma vida mais tranquila...pelo menos pra um inconsciente mais tranquilo. Por acreditar nisso, nunca abandonei. E resisti. E continuei.
Dessa vez, soube a verdade de tudo.
Descobri que os detalhes fazem mesmo muita diferença. E eu precisava falar sobre isso que não importava. Sobre isso que era pequeno. E falei, mesmo sem querer. Com toda a resistência que havia em mim, mesmo assim eu toquei naquele assunto. E fui mais fundo dessa vez, e não parei de falar.
Não foi como contar uma história. Foi mais para uma série de descobertas e insights de uma só vez. Sem dó nem piedade. Roubou de mim esperanças, devaneios...sonhos. Me trouxe pra realidade mais dura. Para a minha realidade. Aquela bobagem, que sempre foi tratada como superficial, na verdade era o elefante que estava dormindo do meu lado...que me acompanhava nos meus dias e noites, e que esteve presente em toda a nossa relação.
E de repente muita coisa fez sentido. E de repente eu deduzi que as coisas já vinham acontecendo há muito tempo. Eu, subitamente, vi que estava sabotando o meu amor e acabando com um pouquinho dele todos os dias. Eu estava roubando de mim o direito de ser feliz. E me perguntava quem estava fazendo isso com nós dois. E parecia mais fácil culpar o tempo, os estudos, a família, a minha família...era mais fácil culpar você.

A verdade de tudo é que eu estava roubando o seu direito de ser homem. Eu estava sacaneando minha felicidade e iludindo todo mundo quanto a minha maturidade. Eu estava burlando todas a "leis" de relacionamento e tentando criar uma nova classe, que na minha cabeça era muito mais sensata, divertida, sincera e romântica.
Eu descobri que essa "nova classe" já existia. E não era nada tão distante. Talvez uma das primeiras relações que o ser humano tem ao longo da sua vida. A amizade. Eu criei um novo conceito para a palavra "amigo". E essa nomenclatura, que é tão antiga quanto tantas outras questões, não estava entre os meus significantes, ainda. Até você falar e me tocar com isso. E eu nunca soube distinguir uma coisa da outra.
Por isso tanto roubo de mim mesma. Por isso tanta confusão, abstinência...

Por isso tanta estupidez.

terça-feira, 10 de abril de 2012

E fim.

Agora eu entendi.
Bastava apenas uma frase. E você não quis dizer.
Eu precisava só saber que você não me amava mais... Mas eu precisei fazer tudo. Precisei usar todas as armas. Inclusive a impaciência. Mas eu não podia esperar mais. Eu poderia te perder pra outra, eu pensava...
E tentei mesmo. E fiz de tudo.
Você nem sabe o que estava reservado pra nós naquela noite. E nem precisa saber. Não importa mais. Nunca importou.
Não importava o perigo ou a madrugada fria...não importava o desabrigo, nada... O que importou mesmo foi a resposta que eu tive pelas poucas palavras...  O que pesou mais foi o "não se importar".
Mas foi preciso.
Tudo isso foi necessário pra que eu percebesse que há tempos não existia mais um "nós".
Eu percebi que as histórias de amor existem pra não darem certo. Eu pude compreender que o amor, enfim, acaba.
E acabou, não é?
E eu pensando que não era bem assim. Eu acreditei no conto da carochinha. Até o último instante - até mais do que eu poderia imaginar...
Tudo por amor.
Não existe arrependimento em mim. Só uma sensação de dever cumprido e uma tristeza imensa pelo fim de tudo.
As vezes é preciso entender quando acaba. Talvez eu tenha ido longe demais.
Mas eu precisava esgotar em mim as ideias, os planos, as forças...
O que mais doeu não foi não ter dado certo nossa nossa história. Foi o que nos tornamos no final dela.
Amigos? Isso não existe, como você me ensinou um dia... você sequer quis saber se eu tinha ficado bem ou não. Foi aí que eu vi o quanto tínhamos mudado. Eu entrei para o lado negro da sua lista... àquele lado que você não tem o menor interesse e não se importa mais...
Eu precisava disso.
Enfim...as histórias de amor acabam. E eu vou espalhar essa notícia (se é que eu não era a única a acreditar nisso).
Eu não caio mais nessa de amor.
Já tive o meu. Mal-sucedido amor.


Se tinha que ter acabado um dia... chegou a hora, então.



Fim.
Não sabia que o mais difícil seria o outro dia...
o vazio que me deixou, a saudade desmedida...
a vontade de discar seu número, e dormir cheia de você de novo...
Eu sabia que não podia esperar nada depois daquela ligação, mas mesmo assim esperei alguns minutos antes de adormecer...quem sabe eu não teria uma outra surpresa, pensei...
Fechei os olhos e sonhei.




Uma surpresa...uma bela surpresa.


Não sei nem quantos dias sem noticias suas... talvez até tenhamos atingido meses sem nos falar. E de repente não mais que de repente, em um domingo a noite, eu acostumada a sempre encontrar meu email lotado de coisas inúteis que automaticamente iam pra lixeira, logo ali, no meio deles, um “oii” com seu nome no remetente. Fiquei alguns segundos extasiada. Meio que com medo de abrir. Podia ser vírus. Podia ser uma má noticia... Trouxe o computador pra mais perto, acho que pra não deixar aquele email escapar. Quando abriu que vi que não era um vírus, mas que eram suas próprias palavras, foi como se me desse um sopro novo. Um ar novo...

Confesso que minhas esperanças eram poucas...elas até só existiam, talvez, pela minha insistência...Mas aí você volta. Sem querer nada. Com umas poucas palavas mexe com minhas ilusões, meus desejos...e me dá uma dose de esperança.
Eu caí como um patinho nisso tudo.
E agora eu que me vire com essa saudade dobrada...

terça-feira, 3 de abril de 2012


Tem coisas que eu não vou ter mais. Isso é certeza. Você sabia que quando eu escutava ‘Los Hermanos’ era porque não tava bem...e você conversava comigo pra saber o que tava me incomodando. E mesmo quando eu não queria conversar você ficava me fazendo rir porque sabia que eu me sentiria melhor. Você sabia que mesmo que eu fosse comer qualquer outra coisa eu ainda assim preferiria batata frita. Você sabia como ficava cheia depois do almoço e não queria deitar e você esperava que eu ficasse sentada esperando meus cinco minutos... Você sabia que sentia muito frio e sempre tinha uma manta em cima da cama. Você sabia que eu tinha vergonha de quase tudo e evitava situações pra que não ficasse constrangida. Você acertou todas as vezes que eu estava chorando no telefone mesmo eu querendo disfarçar. Você sabia que preferia frango e não carne. Você sabia que eu queria comer no ‘Mc’ Donald’s’ sempre. Você sabia o que eu queria beber. E sabia quando eu queria me embriagar...e parava de beber pra cuidar de mim. Você sabia quando eu dizia sim querendo dizer não...e não me forçava. Você sabia que queria comer mais mesmo dizendo que tava cheia. Você sabia que gosto de banhos quentes. Você sabia que gosto de desenhos animados. Você sabia quais os seriados, filmes e vídeos que eu gostaria e baixava pra me mostrar. Você sabia que eu sempre estava ausente no MSN e falava comigo. Você sabia que eu dormia pouco. E meio que passou a dormir pouco também. Sabia quando eu não queria conversar. Sabia quando eu queria falar até cansar. Sabia que eu não agüento virar noites... você sabia onde eu tenho cócegas. Sabia que sinto frio nos pés e me emprestava meias. Você me deixava ganhar no vídeo game, mesmo eu brincando com sua cara. Você sabia que adoro mensagens no celular qualquer hora do dia. Você foi único. Não porque não posso conhecer outros homens, mas só pelo simples fato de que as coisas e as descobertas que fizemos juntos não vão poder ser repetidas. Só pelo outro simples fato de que não vou ter mais esse tempo todo que tive quando estava com você, porque podíamos perder aula, porque podíamos adiar compromissos, porque podíamos exagerar nas visitas noturnas e dos perigos de uma cidade grande Pelo simples fato de que – eu acredito - só se ama uma vez.

domingo, 25 de março de 2012


Não sei se foi o período do mês ou se foram as músicas que achei e agora ando a escutar... Não sei se foi a saudade de casa, ou as coisas que vem acontecendo... não sei se foi o cansaço e a vontade de parar um pouquinho e voltar a respirar. Não sei o que aconteceu, mas eu voltei a sofrer pensando em você. Voltei a sentir aquela mesma dor no peito. Arroxando e tirando meu ar. Aquela falta de ar por não ter mais espaço de sofrer.  Aquela vontade de chorar repentinamente. Aquela insônia descabida, que mesmo morrendo de sono o coração e a cabeça não queriam descansar. Talvez por medo. Talvez por não querer que o dia acabasse porque amanhã será a mesma coisa. Voltei a sentir desilusão. Voltei a pensar que você não me ama mais e a me questionar o porquê que não estamos mais juntos...
Eu voltei a sentir você, bem longe... longe de mim. Voltei a te esperar...
Voltei a planejar loucuras pra te ver e tentar te convencer a ficar do meu lado. Agora os sonhos que com você são mais duros, porque sei que eles não vão mais se realizar. Por que eu nem sequer vou mais te encontrar... por que eu nem sequer tenho mais você...como um dia eu tive...
Cansada de não saber mais as respostas eu fico só falando, falando, falando... pra ver se as perguntas me deixam em paz... já que eu não tenho mais você...

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Por que se chama amor se não é eterno?


Depois de um tempo, sem você, comecei a pensar nas possíveis razões pra o “não quero mais tentar”. Pensei, em um dia cansado, que poderia ser meu chulé e ri pensando quão tola eu estava sendo, claro que não era meu chulé... podia até ser meu pé áspero, mas meu chulé não... Depois pensei que poderia ser minhas loucas, engraçadas e desgastantes crises histéricas, mas também pensei na sua neurose e me acalmei quando entendi que somos, na verdade, peças de quebra-cabeças e que temos nossas peças encaixáveis. Não parava de pensar procurando essas razões. Percebi que poderia ser tudo, ou só algumas coisas... ou nada disso. Me assustei quando passou pela minha cabeça que você simplesmente poderia não me amar mais. É isso faz muito sentido. Você não me amar era a resposta pra todas as perguntas que não tinham resposta. E doeu tanto. Foi tão penoso saber que perdi seu amor. Foi tão dolorido saber que por não me amar mais não pensava mais em mim, não me queria mais perto, não sentia mais saudade. Tive pena de mim. E pensei que os amores não deveriam ser assim. Por que começar se vai acabar? E por que se chama amor se não é eterno? 

Você disse que eu gostaria do livro. Eu terminei de ler. Você estava certo.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Quem sabe um dia, um livro.


Esses dias precisei fazer àquela faxina. Adiei por meses. Mas o dia chegou. O dia de jogar coisas fora. Coisas velhas, em desuso. Coisas que não queria mais. Coisas que nem lembrava porque ainda estavam guardadas. E fui retirando um por um. Documentos, apostilas, diários...folhas soltas escritas em dias nebulosos. Outras folhas soltas escritas em dias felizes. Encontrei cartas que eu nunca entreguei. Encontrei contos, poemas e poesias inventados que eu nem entendia mais. Encontrei segredos que eu não sabia mais.  Foi uma manhã estranha. Cheia de recordações. Foi difícil...muito difícil. Eu estava perdida em meio a tantos papéis, a lembranças...a sentimentos... E eu fiquei fora do ar àquelas horas. Foi um tempo só meu. Revivi cinco anos em uma manhã...
Mas eu já tinha me decidido, antes mesmo de começar. Eu jogaria muita coisa fora. Tiraria as coisas velhas, as coisas que não queria mais ler, ver ou lembrar... Jogaria muitas das folhas soltas que contavam minha história no lixo. E assim o fiz.
Li algumas...lembrei onde estava quando escrevi, o que estava sentindo...outras nem cheguei mesmo a ler. Quase todas foram parar numa pilha de lixo juntamente com etiquetas, canetas, bolsas, cartazes... Joguei fora alguns cadernos que me serviam de diário. Tive vários durante esses anos. Decidi que não queria que ninguém mais lesse minha história...decidi que ninguém mais me leria...nem eu mesma.
Um em especial foi o mais difícil. Um desses cadernos contava uma história engraçada, apaixonada, às vezes triste outras vezes descoberta. Eu lembrei que decidi escrever esse “novo” diário porque queria um dia me sentar com você, num dia frio e reler nossas histórias. E rir muito de como éramos crianças e nos desculpar pelas vezes que nos magoamos. E nos lembraríamos do porque de nos amarmos tanto. Pensei em escrever tudo pra que, como nos filmes românticos, as coisas entre nós nunca fossem esquecidas.
Depois de folhear algumas páginas, me deu um medo de jogar àquilo fora. Me deu uma sensação de estar jogando fora nossas histórias. Fiquei com medo de um dia querer aquilo de volta e não poder mais porque estaria no lixo. Fiquei com medo de um dia ter vontade de reler aquilo com você e lembrar o dia em que joguei fora, juntamente com mais algumas outras lembranças. Depois desse devaneio voltei a mim...eu não estava mais com você. Eu não tinha mais como esperar por esse futuro dia se nem ao menos eu tinha você no meu presente. O “livro” que contava nossa história foi pra o lixo. Com medo de ser idiota por esperar... e em um súbito segundo de lucidez ele foi parar na pilha que não faria mais parte da minha vida.
Revi outras coisas. Joguei fora tantas outras partes de mim.
Enfim, terminei minha pequena – grande faxina.
Já estava terminada. Tudo separado. Tudo que não queria mais foi pra o lixo. E eu não veria, nem sentiria mais nada daquilo.


Voltei atrás. Peguei o meu livro da nossa história. Guardei em um lugar seguro pra que ninguém lesse. E voltei a esperar.

Agradecer por sonhar...


Foi só mais um sonho, eu sei. Mas é que a ilusão de ter é tão boa... chega tão perto de ser satisfação... Claro que não se compara a realidade, quando tinha esse sonho se realizando na minha vida. Claro que não. Não falo de sonho metaforicamente...do que eu desejo. Falo de dormir, cansada... exausta de um dia com algumas decepções e chatices e como quem não quer nada (mesmo querendo tudo) encontrar você. Lindo. Do mesmo jeito que te deixei. Melhor...como eu te conheci. E sentir você. E ouvir você. E ver você. Com uma camisa, um short, havaianas... em uma sala enorme. E nós dois...vagando nela. Não sozinhos... Com outras pessoas. E eu pensei como pensava quando estava com você. Esperando o momento que ficaríamos sozinhos... e conversaríamos e ríamos... e seríamos só nós dois. Subimos e descemos escadas. E eu estava feliz. Você também estava feliz. Esperando momentos melhores. Eu estava esperando por segundos, próximos àqueles, melhores. Acordei, quando o despertador ainda não tinha nem ao menos tocado. Acordei e me esforcei pra dormir de novo. Não consegui. Então me esforcei pra lembrar cada detalhe... de como seu rosto estava vermelhinho. De como você sorria. De como você cuidava de mim naquela sala enorme. De como estávamos felizes. Antes de deixar você ir embora das minhas “ilusões matinais” eu agradeci por ter te visto mais uma vez. E meu dia estava só começando...

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012


Eu só queria dizer que hoje... exatamente a essa hora...eu estava tendo o melhor dia do ano. Possa ser que tenha sido o último dia do ano em que tenha sido verdadeiramente... COMPLETAMENTE feliz.

(O dia mais feliz do ano: 06 de janeiro de 2012)


quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

"...Se a gente já não sabe mais
Rir um do outro meu bem
Então o que resta é chorar
E talvez
Se tem que durar
Vem renascido o amor
Bento de lágrimas..."

Naquela noite, que deveria ter sido aula e depois batata frita e cama, eu me deparei olhando as pessoas passarem por mim. Eu meio que com o olhar curioso pra o mundo, agora de novo vasto, largo...grande demais pra mim. Me senti meio perdida. Me senti fora do ar por alguns instantes... sozinha. E o pior de tudo. Me senti velha demais para estar ali. Me senti fora do meu universo. Peguei o celular em algum momento daquela noite e vi a hora. Ainda era cedo e eu não precisava chegar cedo em casa pra fazer uma ligação. E me perguntei como era a sensação de estar livre... você gosta? Pensei... (Eu nunca gostei na verdade) Você prefere estar só e não ter pra quem mandar um sms comentando da noite fria...ou da noite quente... ou do garçom engraçado?... Pensei que muitas vezes eu quis estar fora. Mas só quis. E na verdade o que eu mais queria era voltar pra casa. O que eu mais queria era voltar e carregar o telefone de palavras, palavrões... sensações e saudades. E dizer “Volta. Custa tanto? Dói tanto assim?"... E resolvi me calar de novo. “Não adianta mais querida”. É o que eu escuto antes de dormir... todas as noites.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

domingo, 22 de janeiro de 2012

É engraçado como as pessoas parecem não ouvir mais nada depois da pergunta: "tudo bem?". Ou não escutam ou estão acostumadas a ter sempre como resposta "tudo bem sim e você?". Que é sempre uma mentira, diga-se de passagem. Você quase sempre não está muito bem, seja lá por qual for o motivo...mas sempre dá como resposta um sim e um sorriso no rosto. E um belo dia quando você diz a verdade, "não...as coisas não estão muito bem", as pessoas, por não saber lidar muito bem com isso ou por não se importarem mesmo, não escutam muito bem e passam a outra pergunta: "E as novidades?". Fica uma sensação de descaso...de falta de importância... não tem coisa pior  do que não ser ouvido. E as pessoas hoje não sabem ouvir. É por isso que os consultórios de psicologia estão esborrotando. Estamos carentes. Carentes de ouvidos. Não paramos pra escutar o outro. As angustias...as preocupações...o sofrimento do outro parece mais um blá, blá, blá sem fim...
Escutar não é uma tarefa fácil...mas se você não quer saber como a outra pessoa está não pergunte. Se não está interessado em saber, realmente, como o seu amigo, colega ou seja lá quem for está passando, não se dê o trabalho de perguntar.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012


As lágrimas ainda não secaram... àquelas que achei que nem tinha mais. A sensação de que estava tudo sob controle. Só pensava em você quando acordava...quando comia alguma coisa...quando chovia... quando escutava alguma música... e principalmente na hora de dormir, que eu não tinha mais uma mensagem ou um porquinho dizendo que tava com saudade... mas as lágrimas... essas eu conseguia disfarçar...essas eu conseguia controlar.... mas elas voltaram. Ou elas nunca foram embora...eu não sei. O que sei é que elas estavam cristalizadas... dentro de mim. E hoje elas resolveram escorrer de novo. Elas decidiram por si só sentir saudade e demonstrar. Hoje elas apareceram como alma penada mesmo. Pra me lembrar que tudo continua do mesmo jeito. Pra lembrar que eu não posso parar o tempo...mas ele insiste em ficar congelado lá atrás... 








 - Mas não vou me preocupar...todo mundo diz que passa...vai passar...vai passar...

Entre outras perguntas que me fizeram quando cheguei à outra cidade foi se tinha namorado. Até aí achei normal...as pessoas se conhecem fazendo perguntas da vida uma das outras. O estranho veio depois. Por não ter sido apenas uma ou duas...e sim várias. O comentário soou mais que estranho... Disseram que meu namoro acabaria pela distancia. Era só uma questão de tempo. Respondi que não acreditava nisso e que achava sim, que as coisas poderiam dar certo mesmo à distancia. Disse que estaria fora dessa estatística sem fundamento. Pensei comigo que venceria esse tipo de maldição. Afinal de contas...anos não são só meses... e eu te amava. Não era uma paquera ou uma paixão. Eu tinha escolhido o pai dos meus filhos.
Mas aconteceu que as coisas não foram bem como eu sonhei. O namoro acabou. Ele não acabou simplesmente. Eu acabei com ele. É, pode acreditar...é muito louco isso... estranho, absurdo...
Eu que te amava, te deixei. Eu que te amava te expulsei da minha vida. Eu... coloquei um ponto final na história da minha vida. Agora não adianta mais. Diferente das dezenas de vezes que fiz essa mesma coisa, eu não tive uma nova chance. Eu não pude consertar. Ninguém mais acreditaria que eu mudei...nem você.
E agora eu fico com a saudade, com o vazio de te perder. Eu fico com o desprezo até de mim mesma...por ter errado tão feio.
Mas, pior do que tudo isso...pior que as noites pensando em você...pior que os dias tristes...pior que a saudade dos beijos e das conversas... pior que as lembranças e recordações... pior que a falta que eu sinto e a dor física de não te pertencer mais...  pior que tudo isso é saber que o que você sente agora é um misto de pena e responsabilidade pelo que to sentindo. Porque ainda não me curei. Porque tá mais difícil... e porque dessa vez eu realmente vi que um dia eu iria te perder. E perdi.
A duras penas eu cresci. Agora tenho 23 anos não só no registro...na cabeça. Envelheci quatro anos. Os sonhos, todos pelas janelas... os planos amassados no lixo. E você...longe de mim.