terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Uma doce loucura...


Eu contei quinze dias... até o dia que eu disse “é hoje”. Todos os dias eu pensava: só mais um dia. Só mais um dia pra te ver...
E ele chegou. O dia em que o despertador não precisou tocar pra que eu me acordasse...o dia em que eu não senti fome...o dia em que as horas não passaram, mas nesse dia eu sabia que seria recompensada...ao menos eu tentaria! E eu não desistiria...
Eu trabalhei. Conversei...e esperei dar 9 horas da manhã pra me dedicar somente a isso. Arrumei minha mala, separei minha melhor roupa. Planejei cada minuto que eu tinha...até fazer o que eu devia. Ainda dormi. E sonhei. Sonhei que não iria sequer ver você. Sonhei...ou tive um pesadelo que não te encontraria. Então pensei: “é só uma viagem, se não der certo, eu viajei...estava segura no ônibus...e não perderia nada.” Assim eu fui... Esperei por horas de atrasos do ônibus. E nessas horas, em que meu coração acelerava a cada minuto que passava, eu me acalmava, porque a espera estava acabando. E estava ficando tudo bem...ia ficar tudo bem...logo, logo...
No ônibus eu rezei baixinho, pedindo a Deus que não chegasse tão tarde, ou próximo da hora do ônibus de volta...queria ter tempo... e eu tinha planejado tudo, não ia ser justo se por um atraso nada mais desse certo. Mas não tinha nada confirmado. Eu me atirei no escuro. Mas o dia estava tão claro. O sol estava tão lindo e forte... a viagem foi tranqüila. Apesar de a cada quilometro eu me sentir mais perto e a cada cidade que passava diminuía a distancia entre nós dois eu pensava o que te diria. O que inventaria pra te fazer ir ao meu encontro. E não pensava em nada. Pronto, faltava passar mais uma cidade e era a sua... Mais alguns minutos. E eu me decidi. Vou dizer a verdade. E rezei de novo pra que você estivesse lá...pra que você atendesse minha ligação...pra que você não se chateasse tanto...
Mal consegui andar pelo ônibus quando o motorista gritou o nome da cidade. Era lá que deveria descer, mas minhas pernas não estavam me respondendo... Estava no compasso do meu coração que agora eu nem sentia mais de tão rápido que batia. Precisei me acalmar. Desci...fui ao banheiro. E quis desistir agora. “Mas agora?”, pensei... não, eu não ia até ali pra desistir... “preciso falar com você meio urgente” A mensagem foi escrita e enviada...era só esperar... Quantos minutos seriam preciso pra que ele me desse a resposta? Não sei...mas foram os cinco minutos mais demorados... o tempo quase paralisou. E voltou a rodar quando o celular vibrou. Era ele me ligando. E eu pensei mais uma vez no que dizer...e lembrei: a verdade. Com a voz muito trêmula...respirei e pedi que não ficasse bravo, mas tinha feito uma coisa... Do outro lado da linha, a voz séria, mas ainda assim linda (...), disse que ficaria chateado se eu estivesse indo pra lá. Me olhando no espelho do banheiro, eu quis chorar, mas segurei as lágrimas e sorri dizendo que não era isso...”Eu não estou indo pra ai...eu já estou aqui!” Uma pausa sem fim tomou conta da ligação. Eu sem acreditar que estava fazendo aquilo. E pensava em como tinha soado bonito...e eu nem tinha planejado aquela frase. Ele sem saber o que dizer, pela surpresa...ou por não poder mais fazer nada. Eu já estava ali. E continuei: “Você vem me ver...ou...ou eu vou na sua casa?”... Eu sei...isso foi pressão, não tem outro nome. Mas funcionou. Ele foi me ver.
Os dias sem ele tinham sido horríveis. Eu mal tinha sorrido, ou como bem disse Roberto Carlos “meu sorriso era triste”. Eu emagreci... chorei...me desesperei...me devastei... Mas quando o vi chegar, com uma barba enorme, tentando esconder um sorriso... Àquele sorriso que eu adorava... Àquele sorriso verdadeiro que eu conhecia muito bem...sarou todas as minhas dores. “Enxugou minhas lágrimas”. Foi isso mesmo que aconteceu. Àquele momento já tinha valido minha viagem. E eu tinha certeza que tinha que estar ali...
As horas ali naquele terminal foram mágicas. Conversamos, sorrimos... brincamos...fomos nós mesmos... voltamos a ser nós mesmos. Sério que só eu senti aquilo? Só eu senti que estava viva de novo?
Não tinha planejado nada. Mas sabia que não pediria pra voltar. Nem pediria pra ficar comigo. Minha viagem não tinha esse objetivo. “Eu só queria ver você”. Esse era o motivo da minha ida. Nada mais.
Me enganei então. Eu queria mais...eu queria bem mais. Eu queria um abraço, queria àquela conversa. Queria muitas risadas... eu queria outro abraço. Queria estar em seus braços. Mais uma vez pelo menos. “você acha justo quatro anos terminar pelo telefone?” Eu não achava...
Eu tive tudo. Tive seus abraços...seus braços...seus sorrisos...suas mentirinhas...suas brincadeiras... tive frio na sua cidade... tive ótimos momentos lá... nas praças, nas ruas onde você cresceu... eu vi seus amigos. Vi seu apetite... Comemos pizza à moda da casa. À moda da sua casa. Você me ofereceu batata frita. Você não sabe o que isso significa não é?
Você sabia exatamente o que queria comer...onde iria me sentar...onde queria ir...o que queria beber... sabia o que eu queria escutar... sabia sim...
A noite foi pequena. Não foi suficiente. Mas a vida seria?
Foi estranho. Doce. Sincero. Foi verdade!
Eu não peguei na sua mão por medo... eu nem disse tudo que queria. Mas eu não queria dizer nada. Eu só queria ver você...sentir você...
Não foi nada planejado. E se tivesse sido não teria sido tão bom. Eu não esperei que quando esse sonho acabasse você me dissesse que estava tudo bem. Que estávamos de volta...e que seriamos felizes... Eu não me iludi. Eu sabia que viria embora e nossa história não mudaria. E não mudou mesmo, como eu pensei.
Na despedida um abraço longo... um abraço forte. Os últimos beijos, ali...na frente de algumas pessoas desconhecidas que olhavam curiosas, que não faziam a mínima idéia de como aquele momento era importante, único...Eu poderia viver aquele minuto pela minha vida inteira, congelado...nós dois ali, juntos, pra sempre...
“Foi o melhor dia do meu ano”, eu disse. Ele sorriu. E brincou que o ano só tinha apenas sete dias. Mas eu menti. Foi o melhor dia da minha vida desde o dia dezenove de novembro...
O ônibus acelerando me tirou dos seus braços. Foi tão cruel. Não deu tempo olhar pra trás. E eu não te vi mais.
E parece que não vou te ver nunca mais...

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