Os dois sabiam que aquela história não era real. Afinal de contas eles
tinham firmado um contrato. Um contrato silencioso e imediato. Nada de apego,
romantismo ou qualquer formar de sentimentalismo. Sentir saudade não seria
permitido. No máximo vontade, mas saudade jamais. Eles apenas conversavam e se
conheciam. Prometiam que quando pudessem iriam estreitar esse laço. De outra
forma, onde o sentimento não pudesse entrar. Engraçado que esse contrato “caiu
como uma luva” para os dois. Ninguém queria um relacionamento formal ou dentro
das normas, cada um com seus motivos pra isso. O certo era que nenhum dos dois
queria se envolver demais com ninguém. E firmar o contrato era importante.
Porque coisas seriam ditas e era preciso entender que aquilo fazia parte do
momento e não do todo (ele sabia disso). Foi assim que o tempo passou. E eles
então construíram uma espécie de “amizade”. - Era amizade aquilo? - Ela era uma
de suas amigas, ele disse um dia. Mas ele não era um amigo pra ela. Ele era uma
fantasia. Uma. Fantasia. Que saiu das ideias e chegou ao real. - Mas a história
era ou não era real? - Era uma coisa com o sotaque dele. Ou a forma como ele a
via ou imaginava. Tinha alguma coisa com música também. Com ensinamentos.
Surpresas e até uma pitada de extravagância. Tinha os segredos, as promessas.
As vezes até tinha palavras bonitas, sempre seguidas de muitas risadas. Isso
dificultava o entendimento: “era real?” Eles até compartilhavam problemas e
trocaram conselhos e esperas. Mas isso não queria dizer nada sobre a história
dos dois. Era muito mais. Não havia encaixes... não era nada especial. Era tudo
tão novo e ao mesmo tempo tão casual. Era apenas uma troca. De vidas. De
realidades. Eles até faziam planos e acreditavam neles. E mais uma vez
esperavam. Era uma coisa de desejo. Uma coisa de pele. Eles gostavam disso.
Sempre tinha uma provocação, um despertar... Era isso. Um Despertar.
13. 03. 2014
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