sábado, 4 de dezembro de 2010

Ele e ela.




Ela menina de interior, cheia de pré-conceitos. Nunca tinha saído pra uma cidade maior. Acabou descobrindo muitas coisas. Experimentando viver. Uma vida não muito interessante, acostumada a receber ordens, nunca faz o que realmente quer e se faz passa alguns dias preocupada com os "castigos divinos". Ele um ano mais novo, rebelde, livre. Não recebe ordens de ninguém. Menino-homem de interior, mas que desde cedo traçou metas e saiu de casa com o objetivo de ser o primeiro da turma. E conseguiu. Cabeça aberta, livre... dura. Irredutível. O coração dele? Novinho, ainda não tinha se machucado. Um relacionamento duvidoso. Uma vida unida, finalmente. Erros...muitos erros. Um começo difícil, atropelado. Eles estavam aprendendo a amar ainda. Precisavam de tempo pra aceitar que já era tarde, já estavam presos a uma teia... Ele perdera sua liberdade....seu machismo... Uma lista imensa de mulheres que tinha dado um ponto final. Uma vida deixada pra trás. Ele agora já não trai... já não consegue mentir ou omitir o que sente. Ela... ainda cheia de sonhos, parou de procurar um príncipe encantado. Tem certeza que encontrou o cara certo. Ainda se atropela com a modernidade, mas mesmo assim, está conseguindo se adaptar. Eles tentam ser felizes. Se sentem bem juntos, e mesmo com tantas confusões de tempo, distancia e temperamento (principalmente) vão conseguindo desviar dos obstáculos. Mudaram, enfim. Ele tolera os chiliques dela. Ela não consegue dizer não. Ele finge que não se importa com os modos dela. Ela deixou de lado sonhos. Ele [agora] é sensível. Ela [agora] é mais racional. Ele come da comida dela e acha gostoso. Ela escuta as músicas estranhas dele. Ele é consumista, adora comer e planeja viver bem. Ela odeia fazer compras (e ele sabe o porque), está engordando e quer ser feliz. Talvez não exista mesmo alma-gêmea. Talvez a relação entre homem e mulher não funcione mesmo e que essa teoria esteja certa de verdade. Mas  talvez o amor seja uma ilusão precisa. E eles estão indo muito bem. Uma certa parceria de sintomas: ele tão racional...ela tão emotiva...trocando cartas e segredos...
 “na desordem do armário embutido meu paletó enlaça o teu vestido e o meu sapato 'inda' pisa no teu”.